sexta-feira, 22 de abril de 2011

A metamorfose do cisne

Cisne Negro



    Acabo de assistir ao filme Cisne Negro, com Natalie Portman interpretando o papel de Nina Sayers. O filme Cisne Negro é uma interpretação da peça "O lago dos cisnes", do compositor russo Tchaikovsky e do libreto  de Vladimir Begitchev e Vasily Geltzer. Sua estréia ocorreu no Teatro Bolshoi em  20 de fevereiro de 1877. 
    O cisne negro é a metamorfose do cisne branco. Dentro de todos nós dorme um cisne negro. Nós sofremos metamorfose constantemente. Nosso corpo ao longo da vida sofre esse processo de mudança, inerente à nossa vontade.
    Quando terminei de assistir ao filme fiquei a me questionar até onde seríamos capazes de ir para conquistar os nossos objetivos? Cisne Negro não é apenas a história de uma mulher em busca de um príncipe,  que irá salvá-la do feitiço que a transformou em cisne. Cisne Negro é a metáfora do bem e do mal que existe dentro de nós, e que só é posto pra fora quando nós sentimos ameaçados. 
    Todo mundo tem um lado mal, que aparecerá quando for necessário. Não adianta dizer que se é "bonzinho", mesmo que você sempre seja bom  e sua bondade seja vista por todos. Dentro de você mora     um lado obscuro, que a qualquer momento pode se revelar. Daí já viu não é? Toda uma farsa, uma máscara que se carregou por toda uma vida é crestada, e cai por terra. 
    Só que essa vontade, de alcançar esse desejo, pode se transformar em alucinação, psicose. Todos os males que residem em nossas mentes acabam por se apresentar de uma forma alucinante.  A realidade é confundida com a ficção. Já não se sabe distinguir o que é certo e o que é errado. É o que acontece com Nina, que para alcançar o papel de Rainha Cisne, e depois de ter conseguido o papel, não mede esforços para alcançar a "perfeição". Nina era uma perfeita Cisne Branco, só que não conseguia incorporar a Cisne Negro. Ela era perfeita demais, possuía muita técnica, mas não tinha uma desenvoltura imprescindível para o papel. 
    Nina esqueceu de viver a vida de verdade, e preocupou-se muito com a perfeição, que não existe em lugar nenhum. Ela vivia apenas para o balé. Chega um momento da vida que é necessário refleti o que se fez ao longo dela. Representar o Cisne Negro, fez com que Nina repensasse o que foi sua vida "regrada", diria que a palavra correta é contida. Resumidamente posso dizer que só sabemos do que somos capazes, quando o nosso instinto sente necessidades e é posto à prova. 
    Não sabemos quando essa nossa face obscura será escancarada. O que sei é que ninguém é bom demais, nem mal demais. Temos uma dosagem necessária, que nos mascara frente à sociedade. Mas, maquiavelicamente, frios e calculista vivemos nossas vidas fingindo que somos algo, e no fundo não somos nada daquilo que demonstramos ser. Essa "carinha" de menina pudica, que Nina tem, não demonstra o que ela realmente guardava dentro de si. Um Cisne Negro!

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