sexta-feira, 17 de junho de 2011

Espelho

Sente tremores, calafrios às lembranças dos beijos, dos abraços, das mãos, pêlos, corpo quente e suado. Frente ao espelho olha as rugas, os pés de galinha e a pele agora flácida.
Sua alma geme, sente dor e grita incessantemente “você está velha e só”. Jurara nunca amar. Sua vida é oco. Quartinho com banheiro, cubículo, em um lugar qualquer. A única luz que entra pela fresta do basculante ilumina o vazio do vestíbulo. Reflete seu rosto na vidraça com losangos idênticos. A única coisa estranha é seu rosto velho, disforme.
Escorre uma lágrima relutante que não quer cair por teimosia. Enxuga-a com ódio e força de arrancar raiz da terra. Sabe que seu destino está traçado. Penteia os cabelos, agora quase brancos. Pinta os lábios, murchos, vermelho carmim, como quem se debruça numa tela. Borrifa, sutilmente, jatos de perfume no colo. Coloca sua meia calça preta lentamente, como analista...
Batem à porta, levanta-se num salto, acorda de um sonho... É hora de voltar ao trabalho e atender ao primeiro cliente da noite. 













Quando o mar está revolto...

O mar lateja suas ondas nas pedras. Surdamente penetra-a o desejo de afogar-se na profundeza desse mar. Como ostra quebrada deglute o seu gosto. Instintivamente seu cheiro, afrodisíaco, se apodera dela, musgo que grudam ao corpo, tentáculos em busca de algo para agarrar-se. Toma-a por inteiro.
Deixa-se levar, em agonia incessante. Já não sente mais nenhum membro do seu corpo, nada mais responde aos seus sinais. Os olhos atentos seguem o rumo do mar que muda a todo o momento.
Obediente, somente a ele, se contorce e se deixa levar. Ondas que arrebatam tudo que encontra a frente, arrasta-a, pedra pequena, muda, recebe suas águas que escorrem e deixam suas espumas densas...gozo.
















Laçamento do livro "Cabidela: bloco-de-máscara", de Laura Castro


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Escritora baiana transforma blog literário em livro-objeto

Com intuito de deslocar a obra literária de seu lugar tradicional e propor novas práticas de leitura através de uma narrativa marcada pelo trânsito e fragmentação, a escritora baiana Laura Castro lança seu primeiro livro,Cabidela: bloco-de-máscaras. A publicação foi contemplada pela Fundação Nacional de Artes (Funarte), através do edital de criação literária, e será lançada no dia 18 de junho, às 20 horas, no Sebo Praia dos Livros (Porto da Barra). Produzido por Ricardo Dantas, o lançamento é aberto ao público e contará também com ação performativa em parceria com a artista de dança Candice Didonet.
A obra é composta de textos publicados no blog cabidela.blogspot.com, projeto que, desde 2008, organiza e expõe os escritos literários da autora, até então produzidos aleatoriamente nos blocos de notas e em cadernos. Nas postagens, escritas sem continuidade aparente, um enredo se sobressai: o trânsito. Um transitar que se expressa na tensão entre vozes narrativas de primeira e terceira pessoa; num movimento constante de ida e volta de um foco narrativo para o outro; na narrativa oscilante de uma prosa-poética; numa personagem que se muda para outra cidade e na voz de uma escritora anônima perseguindo uma personagem, Luíza Breu.

Buscando um diálogo entre a virtualidade da tela e a materialidade das folhas de papel, Laura Castro reordenou o conteúdo do blog e desenvolveu, em parceria com a designer Cacá Fonseca, um livro-objeto formado por quatro elementos: um romance (“Breu”), um bloco de notas (“Borratório”), um baralho e duas máscaras. Sem a linearidade tradicional dos romances, “Breu” apresenta uma narrativa dupla. Com dois começos e um final que deságua no outro, a leitura pode ser iniciada por qualquer um dos lados do livro. No “Borratório”, o bloco de notas, Laura Castro revela pistas de seu processo criativo, um laboratório de experimentação em que se esboça e borra a si mesma ao se autoficcionalizar.
Se no romance a personagem resiste em saber o que o tarô tem a lhe dizer, o leitor de Cabidela é convidado a complementar os sentidos da narrativa através de um baralho de cinco cartas, embaralhados ao acaso no interior do livro: A decisão, O retorno, O velho marinheiro, O moço das cartas e O círculo. As máscaras funcionam como artifícios de leitura, com os quais é possível fragmentar o texto impresso e criar novas narrativas.

“O livro-objeto convida o leitor a se arriscar, a abandonar a relação aurática que geralmente tem com o livro para profaná-lo livremente. O que quer dizer que Cabidela prevê um leitor ativo, disposto às reviravoltas da narrativa, que intervém nesse objeto literário”, explica a autora. A partir do incentivo concedido pela Funarte, ela imprimiu uma pequena tiragem do livro e busca agora uma parceria com editoras interessadas em publicar a obra, para fazer com que o seu “bloco-de-máscaras” ganhe outros circuitos.

A autora - Laura Castro é uma escritora de bloquinhos. Baiana de Salvador, ela viveu grande parte da vida em Brasília, onde se graduou em Letras e concluiu o mestrado em Literatura pela Universidade de Brasília. Durante três anos, foi membro do grupo de teatro Entrecenas e participou de espetáculos criados a partir de textos da literatura brasileira contemporânea. De volta à Bahia há dois anos, atualmente, leciona no Instituto de Letras da UFBA e é doutoranda do Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas da universidade, onde pesquisa a escrita performática na narrativa contemporânea.


Serviço:

O que: Lançamento do livro-objeto “Cabidela: bloco-de-máscaras”, de Laura Castro

Onde: Sebo Praia dos Livros (Porto da Barra, ao lado do Instituto Mauá)

Quando: 18 de junho, às 20 horas

Quanto: O livro será vendido por R$ 30

Contato: Tess Chamusca (tesschamusca@gmail.com, 71 8801-6162)

segunda-feira, 13 de junho de 2011

COISAS DO AMOR................

Coisas do amor...

ELE DISSE "TE QUERO"!
E EU SEMPRE DESCONFIADA...COMO SEMPRE...
ELE CONTINUOU DIZENDO "TE QUERO"...
E EU CONTINUAVA COMO SEMPRE NADA DIZENDO.
ELE AGORA DIZIA "TE AMO".
AÍ FOI QUE EU FIQUEI MAIS EM DÚVIDAS.
HOJE ELE NÃO DIZ NADA.
EU SINTO FALTA DO QUE ELE DIZIA.

HOJE EU DIGO "TE QUERO".
ELE ANDA DESCONFIADO E COM MEDO.
SÓ NÃO SEI DIZER "TE AMO"...
MAS SINTO SUA FALTA.
SINTO SAUDADES.
QUERIA TANTO OUVIR VOCÊ DIZER AQUELAS PALAVRAS,
QUE HOJE FAZEM TODA A DIFERENÇA.......................................

HOJE ELE NÃO QUER MAIS FALAR.
EU DISSE A ELE: NÃO SUFOQUE DENTRO DE VOCÊ O QUE VOCÊ SENTI!
PARECE QUE ACONTECEU O QUE EU MENOS ESPERAVA.
É ACONTECEU MESMO!
FOI INEVITÁVEL NÃO PODERIA NÃO ACONTECER.

AGORA NÃO SEI O QUE FAZER.
NÃO SEI O QUE DIZER.
E FICA ESSE                                                                             ESPAÇO ENTRE NÓS...