sexta-feira, 21 de maio de 2010

Rascunho do tempo

    Todos os dias fico aqui em frente, sempre pensando o que escrever. Deparo-me com a tela a me espreitar. Mas na verdade eu poderia ficar minha vida toda tentando descrever o que sinto. Nenhuma palavra poderá, jamais, alcançar a amplitude desse sentimento infinito que me toma por inteira. Na verdade sinto uma vontade extrema, é quase uma necessidade física e mental de te colocar em letras garrafais. Em frente aos meus olhos, tento te ter, te tocar e te consumir por inteiro.
    Você foge, e num piscar de olhos reaparece. Reencontro minha paz. Te reencontro, e o desejo inconstante me consome. Fica sempre essa vontade de te tomar num gole só, com os olhos vendados te amar por inteiro, e num último gozo, acordar para a vida que me espera lá fora antes que o tempo seja desperdiçado.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Sopro de vida

    Peça por peça a vida vai pregando a sua. Nesse palco brilham estrelas desconhecidas, que diariamente encenam uma tragédia, um drama, uma comédia ou até mesmo uma tragicomédia. Sobem as cortinas e entra em ação um monológo, um solilóquio ou o que queiram encenar numa exaustão inexorável da vida.
    A todo momento o palco gira, a cena muda e os artistas ganham novas características, novos figurinos, novas faces e máscaras. Num sopro a vida se reconstrói, lentamente, tudo volta ao seu lugar no momento exato.
    "O momento que passa pode ser tudo que me resta pra viver, mas eu desperdiço o tempo como se ele fosse infinito. Penso, logo sei que existir é uma circunstância".

terça-feira, 18 de maio de 2010

Do que me vale

    Do que me vale um copo de cerveja, que desce amarga na garganta, quando você não está aqui perto de mim para poder me acompanhar nesse gole? Do que me vale um cigarro, mal tragado, se você não pode compartilhá-lo comigo? Do que me vale pensar em você, se um outro alguém está em meu lugar? Do que me vale MPB, se nossas melhores músicas tocam, e um vazio permanece do meu lado, nenhum comentário, nenhum gesto e nenhum sussuro ao pé do ouvido? Do que me vale viver, se, como um sopro, vejo a vida dissipando-se por entre os dedos?

    Do que vale qualquer coisa, se bebo, se fumo, se ouço e se vivo você, sem você?