segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Clarice ri

    Isso mesmo caros leitores! Clarice ri! Mas, o seu riso não é risível. Já estamos tão acostumados a vê-la com sua dura fisionomia, com seu ar hermético e com sua "introspectividade". Seu riso desconfigura por completo a Clarice que conhecemos. A nossa Clarice não ri. No máximo ela arqueia a sobrancelha e move os lábios, sutilmente, nada que esboce um sorriso de verdade.
    A minha Clarice, posso chamá-la assim pelo intimismo que temos, é uma mulher simples, que gosta de coca-cola e anota seus recados em guardanapos. A Clarice que conheço possui uma imagem nada uniforme e sombria. Quem desvendá-la, se é que se pode desvendá-la, acabará com toda áurea e mistério que recobre a sua figura. É como estar Perto do coração selvagem e tentar domá-lo. Mas, porque domar algo que te encanta? Perde-se o encanto. É melhor ter os dois lados, em dosagem bem diversa, é claro!
    Clarice é tímida arrojada , simples, como qualquer outra, como eu, como você... Ela é uma mulher Quase de verdade, que nos dá quase uma verdade, a sua verdade, que se confunde com a de uma tal Macabéa. A hora da estrela de Clarice brilhar não foi a da Pobre menina rica. Sua vida foi Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres, que nos deu e nos dá um enorme prazer e embaraço em tentar entendê-la.. Seus Laços de família eram fortes e a "errância" era o seu destino. Seu nome era seu, mas não sabia dizer "meu nome é eu",  triste paradoxo.
    Hoje eu digo, Clarice, seu nome é eu e, de claro nada tem. Eu sou Clarice. Quem disse que não se pode entender Clarice? Eu entendo! Juro! Entendo-a no cerne de sua alma, que não morreu. Clarice vive em mim, por isso não posso sair por aí contando pra todo mundo que eu a entendo. A hora de Clarice brilhar é agora, sua estrela nunca se apagará!

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