quinta-feira, 22 de abril de 2010

Homem chuva ou chuva homem

A chuva que destrói casas e mata milhões de pessoas é a ganância do homem. É o mundo capitalista e excludente. São as construções verticalizantes e marginalizadoras. São as favelas surgidas dos bolsos e cuecas cheios de dinheiro tirado dos que necessitam. O dinheiro extraviado não pode construir os bueros imprescindíveis para o escoamento da água da chuva. O espetáculo da natureza se transformou no espetáculo do homem. O homem roubou e rouba a si mesmo. Roubou a paz dos e os lares que antes transbordavam amor, suor da labuta diária para a construção de um lar, e compra de objetos divididos em vezes. Hoje não se sabe para quem mandar a conta, só Deus nos protege do pior.
O homem roubou e rouba o mais importante, a vida. A vida de quem nem se quer pode falar pela primeira vez o nome do pai e da mãe; a vida de quem nem conseguiu sair do útero; a vida de quem conseguiu depois de muito suor e sangue dizer – hoje sou cidadão. O que será dessas pessoas? Quem poderá salvá-las?
A chuva é o homem, é uma caixinha de surpresa, é um barranco desmoronando na cabeça de quem paga suas contas, impostos mirabolantes, inventados para tirar mais do salário que não paga nem o mínimo. Quem pagará as mortes e destroços das casas e corações? Na sala da justiça o homem pagará uma a uma as vidas, os lares, os sonhos, a paz e o amor que foi tirado abruptamente das pessoas. A chuva que destrói é o futuro candidato a presidência da República dançando o “rebolation” e visitando o Mercado Modelo em plena catástrofe. O homem evoluiu e aprimorou seus métodos violentos de matar e oprimir o outro, não sabendo que é a si mesmo que ele coage. Não é mais o poderio bélico, o massacre humano é a chuva (homem), crack (homem), é o engarrafamento de milhões de baianos, por causa de quatro mil dentro de seus carros blindados, que saíram de grandes hotéis de luxo. Quem pagará pelas demissões? Quem pagará as parcelas que sobraram dos desempregos em massa? Quem pagará pelas vidas que não tem preço?Quem convencerá o chefe que foi a chuva, o crack, o engarrafamento? Quando descobrirem a resposta, por favor, me digam!

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