segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Tomara que falte energia elétrica hoje!


    Hoje descobri que sem energia elétrica consigo sonhar acordada. Passei a ver as estrelas que ficavam escondidas na escuridão do céu. Acima de tudo passei a enxergar dentro de mim, num olhar que nunca tinha me dado a oportunidade de ver. 
    Com o clarão da noite, o mundo fica mais bonito, os meus pensamentos mais estrelados e a minha vida mais viva. Nessas seis horas de breu consegui ver coisas que nunca tinha me passado à cabeça. Também descobri que viver não é tão ruim assim, como, às vezes, me parece ser.
    Descobri que não é só a partir das quatro da madrugada, que o céu passa a ficar claro, para o começo de um novo dia. Mas, que à noite eu posso sentir o dia dentro dela. Basta apagar todas as lâmpadas e desligar-se por completo do que está ao nosso redor. Como eu ouvi durante esse período de seis horas esplêndidas: "só assim eu olhava para o céu e via as estrelas, à tempos que não faço isso". É verdade, apesar de eu sempre ter admirado a vida celeste, mas dessa vez eu consegui ver o que nenhum astrólogo jamais conseguiu ver:  o céu que existe dentro de mim. Esse céu que é o reflexo do azul celeste e do corpo celeste que está sobre nossas cabeças. 
    E não esquecendo dela: estrela cadente, é óbvio, que como sempre eu consigo adivinhar o lado que irá cair, como se ela esperasse que eu apenas olhasse para o céu, para que na sua languidez passasse sobre meu olhos e morresse na linha do meu horizonte, mas não tão longe, e sim bem na palma de minha mão.  
    Quando olho para o céu consigo sentir uma paz tão grande, que não consigo sentir olhando para a terra. Caio na real do quanto, às vezes, sou (somos) tola (tolos) em dizer e fazer certas coisas. O mundo, as pessoas, as coisas que estão ao meu redor, simplesmente desaparecem do alcance de minhas vistas. É como se fosse só eu e esse mundão que existe lá em cima, não sei se a minha espera, mas sei que aos meus olhos.
    Tenho a mania de dar nome as estrelas. A mais luminosa tem o nome da própria luz. Espero que em uma delas caiba o meu nome, apesar dele significar o oposto do significado das estrelas. Elas não duram um milênio, mas um simples piscar de olhos. Nesses últimos dias, percebi que ao lado dessa luz tem aparecido uma outra estrela, não tão brilhante como ela, mas de brilho significativo, ambas cortando o céu lado a lado. Será que essa sou eu? 
    Quando caí na real, que sem energia elétrica o mundo fica mais bonito, as pessoas se revoltaram com a demora no concerto do gerador. Se elas soubessem que a partir de agora vou rezar, para que todas as noites falte energia elétrica, e que tudo fique breu no meu e no mundo delas, elas também se revoltariam contra mim. Pra quem sabe, elas possam perceber a beleza do que é viver sem novelas, ficção ou romances surrealistas e passem a enxergar o que está a um palmo de seus olhos: a vida real. 
    Se não fosse humana, acredito que seria algum elemento celeste. Não sei se tão bela quanto as estrelas e a lua em sua fases. Mas, quem sabe um raio ou um trovão, que pestanejam cortando o céu, com sua beleza singular em épocas de chuva?


Um comentário:

Naiana P. de Freitas disse...

gosto deolhar para dentro de mim,mas prefiro que tenha sempre energia elétrica! sou uma sujeita urbana:). Estrelas,estrelas sempre vejo-as sim, todo tempo,moro no alto!